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Performance internacional “Insolente” sobe ao palco do Teatro Molière para falar sobre direitos cidadãos e liberdade

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Sobe ao palco do Teatro Molière/Aliança Francesa, nos dias 26 e 27 de abril, sexta e sábado, às 20h, o resultado da Residência Artística de Criação “Insolente”, projeto internacional da artista Gilsamara Moura, que assina a performance juntamente com as intérpretes criadoras Alejandra Díaz (Paraguai) e Brenda Urbina Bolaños (México). A performance será acessível em LIBRAS. As vendas de ingressos se darão exclusivamente pelo Whatsapp (71) 99921-2368.
O trabalho nasceu do encontro de Gilsamara Moura com Pinar Selek, feminista, antimilitarista, socióloga, escritora e ativista turca, exilada na França, respeitada internacionalmente. Em 2019, durante o pós-doc que Gilsamara estava fazendo em Nice/França, Pinar Selek fez uma dedicatória para Gilsamara no livro “Insolente” e, desde então, a amizade se fortaleceu e elas trabalharam juntas em vários projetos, como o do Grupo de Pesquisa Ágora: modos de ser em dança, no FIDA-Festival Internacional de Dança de Araraquara, no Conversas Insolentes, no Grupo Gestus e agora na Residência Artística “Insolente”.
“Insolente” não é um espetáculo e sim um resultado do processo de residência em criação que foi experimentado em fevereiro deste ano em Diogo, Mata de São João, no Litoral Norte da Bahia, com artistas do local – as artesãs Dona Lalu e Dona Detinha e os músicos Antônio Cerqueira e Ailton Coelho – com Gilsamara Moura (Brasil), Alejandra Díaz (Paraguay), Brenda Urbina Bolaños (México), Mari Paula (Espanha) e Pinar Selek (Turquia/França), as duas últimas de forma virtual. A direção deste primeiro momento da experiência foi do diretor cubano radicado na Bahia Luis Alonso-Aude.
“Em 2019 o jornalista Guillaume Gamblin publicou “L’insolente – dialogues avec Pinar Selek”. Este livro desencadeou um projeto que eu, Gilsamara, chamo de projeto de vida, porque reúne minha atuação acadêmica, artística, social e política. Fui fortemente envolvida pelo pensamento de Pinar Selek a ponto de entender, definitivamente, a inseparabilidade teoria-prática, ou seja, o que faço dentro da Universidade é confluente com o que experiencio na dança, nos projetos sociais, na minha militância, enfim, no artivismo. Tudo junto motivado pelo sentido de confluência”, revela a artista criadora.
Com “Insolente” as artistas que subirão ao palco querem sensibilizar mais e mais pessoas a defenderem seus direitos cidadãos, sua liberdade e, sobretudo, mobilizar o encontro. Estar num teatro, numa praça, num espaço cultural ou qualquer lugar onde haja arte, sair de casa, desligar o celular e exercitar a presença. “A ideia é compartilhar a paixão pela dança e pelo teatro com honestidade, olhando nos olhos, escutando, tocando e, quem sabe, ajudando Pinar Selek, que vive hoje em situação de perigo de vida, a ficar livre definitivamente”, diz Gilsamara.
Para Alejandra “inspiradas por Pinar, através da sua audácia, do seu desejo inflexível de combater a injustiça, a violência e todas as formas de dominação, somos encorajadas a lutar. Para isso, achamos importante falar de sua história, dar voz e movimento à sua mensagem… “a sensação de que tudo é possível”.

Ficha técnica:
Projeto original/ artista proponente/coordenação geral: Gilsamara Moura (Brasil)
Dramaturgia: Luis Alonso-Aude (Cuba/Brasil)
Intérpretes-criadores: Gilsamara Moura (Brasil), Alejandra Díaz (Paraguay) e Brenda Urbina Bolaños (México)
Músicos: Antônio Cerqueira (Diogo/ Bahia/ Brasil) e Ailton Coelho (Salvador/ Bahia/ Brasil)
Participação especial: Pinar Selek (Turquia/França) com imagens e depoimentos do acervo pessoal
Imagens e Depoimentos: Gilsamara Moura, Alejandra Díaz e Brenda Urbina Bolaños
Edição: Brenda Urbina Bolaños
Figurinos: Zuarte Jr / Maru Duran
Equipe cenotécnica: Nicolas Fernandes/ Cíntia Sadoyama (São Paulo/ Brasil)
Vídeo: Angel Robin Fox (Palestina/Noruega) e Ademir Cerqueira (Diogo/Bahia/ Brasil)
Assistência Técnica: Ailton Coelho
Libras: Nânara Santana (Salvador/ Bahia/ Brasil)
Participação virtual: Mari Paula (Espanha)
Produção executiva: Neila Dória (Araraquara/ SP/ Brasil)
Produção local: Wilson Junior (Brasil)
Assessoria de Imprensa: Doris Pinheiro (Brasil)
Comunicação: Carol Goos (Brasil)
Identidade visual: Marina Amaral (Brasil)
Artistas colaboradores moradores de Diogo/Mata de São João/Bahia/Brasil: Dona Lalu e Dona Detinha
Cozinheira: Iracema Nunes (Diogo/ Bahia/ Brasil)
Apoio logístico: Ademir Cerqueira Neves e Adeval Cerqueira Neves
Bonecas das mulheres Indigenas/ Artesãs Nivacchei do Paraguai ( Laurentina Santa Cruz e Daniela Benitez)

Agradecimentos: Maria Prado – Teatro Molière/ Rose Lima – Casa Rosa/ Leonice Molers Moura / Flor Guerreira Pataxó / Adela Bolaños/ Alvaro Urbina / Edu O./ Instituto Superior de Bellas Artes (ISBA-Paraguay) / Equipe Técnica do Teatro Molière/ Luzinete Silva e Sabrina Kelly (Araraquara/ SP/ Brasil).

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CASA AWETÉ KATU
Apoio: Grupo Gestus / Grupo de Pesquisa ÁGORA: modos de ser em dança/ UFBA
Realização: IBERESCENA / FUNARTE / Ministério da Cultura / Governo Federal

A mulher que inspirou tudo – Pinar Selek é feminista, antimilitarista, socióloga, escritora e ativista. Nascida em 1971 em Istambul, Pinar Selek construiu sua vida, seus compromissos e sua pesquisa em torno do ditado “a prática é a base da teoria”. Sua mãe, Ayla Selek, dirigia uma farmácia, um lugar onde as pessoas se encontravam e trocavam ideias, e seu pai, Alp Selek, é advogado e ativista de direitos humanos. Seu avô, Haki Selek, foi um pioneiro da esquerda revolucionária e cofundador do Partido dos Trabalhadores Turcos (TIP).
Após o golpe militar de 1980, Alp Selek foi preso e mantido em detenção por quase cinco anos. Pinar Selek passou a estudar no Lycée Notre-Dame de Sion, onde aprendeu francês e conheceu objetores de consciência – pessoas que seguem princípios religiosos, morais ou éticos de sua consciência. Em 1992, ela se matriculou em sociologia na Universidade Mimar Sinan de Istambul, acreditando que era necessário “analisar as feridas da sociedade para poder curá-las”. Enquanto estudava, ela passava muito tempo nas ruas de Istambul com crianças e adultos sem-teto. Ela fez grandes amigos lá, mas preferiu não escrever sobre isso por motivos éticos, que ela desenvolve em seu artigo “Working with those on the margins”.
Em 1995, ela co-fundou o Atelier des Artistes de Rue, que coordenava e do qual participavam moradores de rua, crianças, ciganos, estudantes, donas de casa, travestis, transexuais e prostitutas. Sua dissertação de graduação, intitulada “Babîali in Ìkitelli: from the smell of ink to the high-rise buildings of the business district”, concentrou-se na transformação da imprensa (jornais, rádio e televisão) na Turquia. Em 1997, ela obteve seu DEA em Sociologia com uma dissertação intitulada “La rue Ülker: un lieu d’exclusion” (Rua Ülker: um local de exclusão), um estudo realizado sobre e com transexuais e travestis. Essa pesquisa foi publicada em 2001 com o título “Masques, cavaliers et nanas. Rue Ülker: a place of exclusion” (Rua Ülker: um local de exclusão). Durante esse período e depois dele, os transexuais estavam lutando contra a violência policial e nacionalista, e esse livro, o primeiro nesse campo, foi muito útil para aumentar a conscientização do público e criar solidariedade.
Ao mesmo tempo, ela começou a pesquisar a questão Curda e fez várias viagens ao Curdistão, à França e à Alemanha para realizar cerca de 60 entrevistas para um projeto de história oral. Aos 27 anos de idade ela redobrou seus esforços para ajudar a deter as guerras e os mecanismos de poder. Em 11 de julho de 1998 ela foi presa pela polícia de Istambul e torturada para forçá-la a dar os nomes das pessoas que havia entrevistado. Ela resistiu, e uma nova forma de tortura foi usada: ela foi acusada de ter plantado a bomba que, em 9 de julho de 1998, matou sete pessoas e feriu mais de cem no mercado de especiarias em Istambul. Apesar de vários relatórios de especialistas atestarem que não se tratava de uma bomba, mas da explosão acidental de um botijão de gás, esse foi o início de uma implacabilidade política e judicial que agora está em seu 24º ano.
Ela passou dois anos e meio na prisão, e uma grande rede de solidariedade foi criada, reunindo muitos advogados, intelectuais e pessoas que ela conheceu durante seu trabalho e pesquisa. Sua irmã Saïda largou o emprego e voltou para a faculdade de Direito para se juntar à defesa de Pinar como advogada. Na prisão, Pinar Selek escreveu muito, mas todos os seus textos foram confiscados. Em dezembro de 200, ela foi finalmente libertada e, colocando em prática um projeto que vinha desenvolvendo na prisão, usou sua fama para organizar um grande “Encontro de Mulheres pela Paz” em Diyarbakir. Essa primeira mobilização foi seguida por outros encontros em Istambul, Batman e Konya.
Em 2001, junto com outras feministas, ela fundou a associação Amargi para fazer campanha contra a violência contra as mulheres, pela paz e contra todas as formas de dominação, e abriu a primeira livraria feminista no centro de Istambul. Em 2002 a associação organizou a “Marcha das Mulheres em Direção umas às Outras”, quando milhares de mulheres de toda a Turquia se reuniram na cidade de Konya. Esse também foi o ano em que a mãe de Pinar Selek morreu de ataque cardíaco. Em 2004, Pinar Selek publicou Barisamadik (“We couldn’t make peace”), um livro sobre a cultura militarista e os movimentos pela paz na Turquia. Em 2006, junto com outras pessoas, ela fundou a revista teórica feminista Amargi, que ainda vende milhares de exemplares em toda a Turquia e da qual ela ainda é editora-chefe. Exilada na França desde 2017, é autora de vários livros publicados em turco e francês; e tem traduções em alemão, italiano, grego e espanhol.
Atualmente Pinar reside na França, país anfitrião durante todo seu exílio. Obteve a nacionalidade francesa em 2017. E em 2018, co-funda, em Nice, o Grupo de Reflexões e de Ações Feministas (GRAF).
Livros publicados:
« Loin de chez moi…mais jusqu’où? »
“Service Militaire en Turquie et Construction de la Classe de Sexe Dominante – Devenir Homme en Rampant”
“La Maison du Bosphore”
“Parce qu’ils sont Arméniens”
“Verte et les Oiseaux”
Préface du livre « Ecolo
gie ou Catastrophe, la vie de Murray Bookchin »
“Agir ici et maintenant”
“Liberté de la recherche. Conflits,pratiques, horizons”
“Azucena ou Les fourmis zinzines”
“Le chaudron militaire turc”

Assessoria de Imprensa – Doris Pinheiro – 71 98896-5016

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