Mundo
“Da Pavuna ao Museu do Louvre em Paris – A Arte como Resgate Histórico”
Suellen Duduwa nasceu em 11 de março de 1990, em São João de Meriti, Rio de Janeiro. Até os 20 anos, residiu na Pavuna, no Complexo do Chapadão, antes de se mudar com
seus pais para a Zona Sul. Atualmente, reside em São Paulo.
Desde a infância, Suellen demonstrou aptidão artística, dedicando-se ao desenho, pintura e escultura como
atividades recreativas. Aos 14 anos, incentivada por sua professora de artes plásticas, participou de um concurso
estudantil na rede municipal de ensino. Sua ilustração foi selecionada para representar a
identidade visual da mostra de dança na Lona Cultural Terra, em Guadalupe, Rio de
Janeiro. Desde então, Suellen permaneceu como observadora do cenário artístico.
Após o início da pandemia, Suellen passou a integrar em sua arte toda a vivência espiritual
e ancestral que possuía, decidindo desenvolver um projeto voltado ao resgate histórico da
identidade do povo brasileiro. Reconhecendo que a arte produzida por pessoas negras foi
historicamente subjugada e desvalorizada, Suellen adotou a bandeira da arte como meio
de resgate ancestral, buscando representar nas telas aspectos omitidos ou apagados das
narrativas históricas e identitárias.
A artista procura transmitir ao público tudo o que absorveu em conversas, experiências e
leituras, sempre preocupando-se em estudar detalhadamente tanto a obra em si quanto o
que ela retratará, seja de natureza histórica ou mitológica. Sua arte explora questões
sociais, culturais e a história da comunidade afro-indígena na diáspora e no exterior.
Através da pintura realista a óleo, a artista traz um aglomerado de experiências do
cotidiano e diaspórico, destacando, em sua maioria, pessoas pretas como modelos para
enfatizar a beleza sem objetificar ou sexualizar seus corpos. Inspirada nos antigos mestres,
Suellen lamenta profundamente a ausência de artistas negros como referência de estudo,
cujas obras foram apagadas dos registros históricos. Como a arte está ligada à história e
reflete cada movimento, Suellen traz para a atualidade aquilo que tentaram apagar da
nossa identidade.
A proposta é apresentar nas telas os diálogos que nasceram das diferentes perspectivas
sobre o imaginário, fé, resistência popular e pluralidade contidas nas religiões de matriz
africana no contexto brasileiro. Essa imersão proporcionou acesso a sua arte no Museu do
Louvre, em Paris.
A exposição “Progênie, Reencontro Ancestral” ocorreu no Consulado de Angola, onde foi
prestigiada pelo Cônsul Geral da República de Angola, que ficou encantado. Suellen
também participou da Exposição Coletiva “Terreno” no Parque Glória Maria e, até o dia
30/07, estará no Centro de Artes Calouste Gulbenkian, com a exposição “Se tudo é
caminho, deixa eu caminhar”.
Suellen Duduwa é discente do curso de Artes Visuais, especializando-se em pinturas com
tinta a óleo, e estudou estruturas básicas em escultura e anatomia. Ela atribui sua força e
coragem em se tornar artista aos exemplos que teve em casa.
Sua arte conseguiu ultrapassar as barreiras do tempo, rompendo fronteiras e reescrevendo
a história.
Assessoria de Rhosy Luna, com curadoria de Júnior Negão.
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