Cultura

Fundação Hansen Bahia elege novo Presidente para o Biênio 2025/27

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Uma gestão dinâmica e eficiente, amparada por um conselho mais participativo e pautada na realização de projetos sustentáveis e estabelecimento de parcerias

estratégicas foi a proposta apresentada pelo novo presidente da Fundação Hansen Bahia, tradicional entidade sediada na cidade de Cachoeira, no Recôncavo baiano, o engenheiro eletricista Ariosto Luz. Eleito por unanimidade para um mandato de dois anos, entre 20 de fevereiro de 2025 a 20 de fevereiro de 2027, Ariosto substitui a professora Dinalva Melo do Nascimento e vai contar com a colaboração do museólogo Jomar Lima na direção executiva da instituição.

Para o presidente eleito, Ariosto Luiz, — “Pretendemos um Conselho Curador muito presente na gestão da Fundação. No aspecto gerencial, inicialmente, promover o planejamento estratégico e o aprimoramento da gestão e da governança da Fundação. Para o aperfeiçoamento da oferta cultural será importante a integração das três unidade museais valorizando suas diferentes funcionalidades, bem como a incorporação de novas linguagens museais, com apoio de tecnologias digitais e

multimídia. Também entendemos como fundamental aprimorar a relação com detentores de culturas tradicionais, artistas e produtores culturais e estudantes da região, criando espaços de formação e experimentação, com vistas ao impulsionamento da economia da cultura e da economia criativa do Recôncavo Baiano, em sinergia com o turismo cultural, tão importante para Cachoeira e São Félix. Para isso, estaremos atentos para novas parcerias com instituições interessadas na promoção de cultura e da educação, bem como no grande debate ambiental”, declara.

Conselheiro da fundação por um bom período, Jomar Lima ocupava o cargo de coordenador executivo de museologia nos últimos anos e agora, ao ocupar a direção executiva — o que considera “uma honra e alegria muito grande ocupar cargo de tamanha relevância numa instituição como essa” —, defende a importância de se estabelecer um novo modelo de governança da fundação em que cada conselheiro venha a ser o gestor executivo de cada projeto captado, promovendo uma ação mais ativa e direta com a gestão.

A gestão anterior conseguiu avanços, buscou o crescimento da instituição, destravou repasses do estado e agora o principal desafio do novo presidente é manter o legado de Hansen e o acervo da fundação, além da casa na fazenda Santa Bárbara e a casa doada para funcionar a Fundação Hansen Bahia, os imóveis mais importantes com relação à história e memória da Fundação, e ainda buscar recursos para fortalecer a arte e cultura do Recôncavo, pensar na retomada do Festival de Inverno, um dos mais importantes produtos na época da professora Noelice Costa Pinto, e pensar nos outros grupos culturais que a gente já abraça, mas em outro formato”, pontuou.

O Conselheiro Nato, Fábio Costa Pinto, defendeu a importância do legado de Hansen e da primeira diretora, fundadora da instituição com a seguinte frase dela:

“Aperfeiçoar o homem através da arte e da cultura, sempre será um dos propósitos da Fundação Hansen Bahia, a parte educacional e social sempre será imprescindível”. — Professora Noelice Costa Pinto (Aluna, amiga, fundadora e

testamenteira de Hansen Bahia). 

Conselheiro há mais de 35 anos, Fábio Costa Pinto, assumiu a cadeira de sua mãe, professora Noelice Costa Pinto e senti-se cansado de promessas e promessas e

nada sai do lugar. “Triste ver o legado de Hansen esquecido. Já perdi as contas, de quantos secretários de cultura do estado prometeram fazer e é o que vemos, um

projeto revolucionário, social, educacional, artístico e cultural, parado. — “desejo sorte ao novo presidente eleito, o Ariosto e ao novo diretor-executivo Jomar Lima, nessa árdua missão, trazer de volta a Fundação que Hansen Bahia e Noelice, tanto sonharam.

Ao deixar o cargo, a professora Dinalva Melo, que administrou a Fundação nos últimos quatro anos, criticou o abandono sofrido pela entidade por parte do poder público, que trouxe problemas administrativos, com atrasos salariais e falta de sustentação financeira. Ela disse que em sua gestão procurou destravar esses impasses e que deixou quatro projetos aprovados para financiamento de

patrocinadores. 

Disse que apesar de ter conseguido apoio da Neonergia e do IPHAN, projetos importantes como o Museu em Movimento, só obteve 50% de recursos captados. Desejou sucesso para o novo presidente, salientando a necessidade de que encontre tempo para se dedicar à instituição, destacando a necessidade de uma maior presença física na cidade. — “O principal desafio daqui para a frente é a governança, captação de recursos, planejamento estratégico e a sustentabilidade para a Fundação”, apontou.

Um dos conselheiros mais antigo da Fundação Hansen Baiha, o Padre Roque, disse esperar que o novo presidente dê sequência à administração anterior que, segundo ele, foi uma das mais importantes realizadas na instituição. Salientou também a relevância da Fundação Hansen, “que é uma das mais importantes do estado, porque foi criada por um homem estrangeiro que amou demais o Brasil e a Bahia, adotando o próprio nome do estado”, e aprovou a indicação de Jomar para a diretoria executiva. “Essa administração deu força a Jomar, que é um patrimônio da

fundação. Estou muito confiante no sucesso, como um dos mais velhos componentes, junto com José Peixoto Mário Costa Pinto e Noelice, a menina dos olhos de Hansen”, destacou.

Antonio Morais, conselheiro há quase 20 anos, defendeu a nova gestão. “Ariosto tem visão e acredito que vá conduzir muito bem a fundação, assim como a professora Dinalva fez. 

A escolha de Jomar para a direção executiva também foi importante, pois é uma pessoa de Cachoeira, que conhece a realidade da cidade e da fundação”, salientou, lembrando que os principais desafios a serem enfrentados

pela fundação passam pela captação de recursos para arcar com as despesas e promover as atividades. Mais novo conselheiro da Fundação, indicado pela Prefeitura de São Félix, o artesão Silvio Roberto Mascarenhas Ferreira considera ser fundamental desenvolver mais projetos para viabilizar o funcionamento da entidade. “A Fundação Hansen Bahia tem importância no Recôncavo, na Bahia e no Brasil. Aqui tem potencialidade para crescer muito mais”, profetizou.

A Fundação Hansen Bahia é uma entidade cultural, pessoa jurídica de direito privado e patrimônio próprio nos termos da lei civil, sem fins lucrativos e reconhecida de utilidade pública pela Câmara de Vereadores do Município de Cachoeira, na Bahia, no dia 27 de outubro de 1981, cujo projeto de lei tem o n.º 03/81. — A integração com a comunidade do Recôncavo baiano.

Os objetivos principais e genéricos são: incentivar as belas-artes, especialmente a xilogravura; descobrir talentos; incentivar a atualização do potencial criativo; preservar e defender os bens culturais, constituídos das tradições, costumes, criações artísticas e literárias, realizações técnicas e cientificas, divulgação das manifestações de criatividades, estimulando a criação e o fomento via instrumentos materiais, desenvolver com a colaboração dos órgãos de edução, a educação cultural do município e regiões circunvizinhas, aumentando assim, o gosto pelas artes, criação de cursos de extensão e promover cursos de curta duração, celebrar convênio com órgãos oficiais e privados para fomentar na juventude o gosto pelas

artes e servir dentro do possível, para o aumento da renda per-capta da população de Cachoeira e São Feliz através do estímulo ao conhecimento e divulgação culturais, incentivado pelo turismo cultural, a educação e os fins sociais em benefícios da sociedade.

Hansen Bahia Nascido em 19 de abril de 1915, em Hamburgo, Alemanha Ocidental, de nome Karl Heinz Hansen.

Foi marinheiro, escultor, poeta, escritor, cineasta, pintor e xilógrafo, o qual se dedicou especificamente. Participou da última guerra mundial denunciando-a no seu famoso “DRAMA DO CALVÁRIO”. Cansado de tudo e de todos, saiu da Alemanha e veio conhecer o Brasil, chegando em São Paulo em 1950.

Morou alguns anos em São Paulo, teve seu primeiro emprego na Companhia Melhoramentos de São Paulo, como decorador, em 15 de julho de 1950. No ano de 1955, saiu da Companhia de Melhoramentos de São Paulo e foi conhecer a Bahia.

Naturalizou-se brasileiro e adotou a Bahia como seu nome. Viveu intensamente no Pelourinho, sentindo de perto a intimidade das prostitutas que ali viviam, para retratá-las nas suas matrizes. No ano de 1957, a livraria Progresso Editora, lança seu livro “Flor de São Miguel” dedicado ao bar do mesmo nome que ele frequentava diariamente. A apresentação é de Jorge Amado.

Depois de 10 anos vividos na Bahia, em 1962, volta a Alemanha e organiza um ateliê em Tittnoning no Castelo de Caça dos arcebispos de São Salzburg construído em 1234.

Hansen volta a Bahia em 1965. Traz consigo sua aluna alemã Ilse Carolina Stromaier, jovem camponesa que a amava. Vai morar em Piatã, bairro de Salvador, orla marítima, onde aprende as primeiras palavras em português com os pescadores.

Em 1975, descobre Cachoeira e São Félix levado por sua ex-aluna Noelice Costa Pinto e seu amigo José Mário Peixoto Costa Pinto. Resolveu morar em São Félix e doar toda a sua obra artística para a Bahia por testamento, para que se fizesse uma fundação com o seu nome.

No dia 19 de abril de 1976, dia do seu aniversário, no Touring Clube de Brasília, Hansen faz a doação para as autoridades federais olharem para Cachoeira que tanto precisava ser soerguida.

Em vista de tão grandioso gesto, a prefeitura municipal de Cachoeira, através do seu prefeito, Dr Edson Ivo de Santana, médico, doa uma casa para que fosse instalada a Fundação Hansen Bahia. No dia 31 de julho do mesmo ano, foi constituída a Fundação Hansen Bahia durante o encerramento do I Festival de Inverno da Cachoeira.

Em 1978, no dia 19 de abril, foi inaugurado o Museu Hansen Bahia, com Hansen bastante doente. No dia 30 de maio, parte Hansen Bahia para São Paulo. Foi.operado no dia 13 de junho e não resistindo morreu de um edema pulmonar, uremia-câncer de bexiga, às 16 horas do dia 14 de junho, sendo sepultado no crematório M. em São Paulo.

Reportagem: Paulo Amâncio / Jornalista

Edição: Fábio Costa`Pinto / Jornalista e Conselheiro da FHB.

Fotos: Jomar lima e Fábio Costa Pinto

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