Cultura

Da Feira ao Quilombo: O Recanto do Encantados

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A Feira da Mata que culminou com a Trilha: “Encantos Tupinambá” revelou-se um sucesso extraordinário, atraindo turistas em busca de uma conexão profunda com a natureza e a ancestralidade. “A Feira foi um espaço de diversidade, encontro e acolhimento. Um lugar para compartilhar artes, saberes, sabores e memórias ancestrais, visitá-la é um alimento para o corpo e para o espírito”, sinaliza a colombiana Lina, doutoranda em difusão do conhecimento pela UFBA.
A Feira da Mata, se consolida como um dos principais atrativos turísticos da Costa dos Coqueiros, pois reúne artesãos, artistas e agricultores de várias comunidades e turistas oriundos de diversas nacionalidades, sendo um espaço de celebração da diversidade, da cultura da paz e da economia solidária, refletindo a essência de um turismo de base comunitária. Nessa edição, que aconteceu no último domingo de agosto (25), A Feira contou com uma biblioteca móvel da Fundação Pedro Calmon ( FPC) que ofertou para jovens de diversas comunidades do Litoral, oficinas de contação de histórias e vivências lúdicas. Para o Historiador Casé, um dos professores oficineiros, a Feira da Mata é um projeto que materializa a missão da FPC: “ Fortalecer as identidades, culturas e memórias do povo baiano por meio do amor pela literatura”.
A rica programação da Feira contou também com a exposição de livros de autores baianos como Edvaldo Marques que lançou a obra: “ O inusitado Sinésio Bertoso” e livros de pesquisadores da UNEB, pois o eixo literário da Feira recebeu apoio da Editora da Universidade da Bahia. Depois de muita música, literatura e vivências ancestrais como o Toré, puxados pelos indígenas Tupinambá Gobi Bore, Kaira e o Pajé Aripuaã), a Feira culminou com a tão esperada Trilha : “ Encantos Tupinambá”.
Foi no recanto dos encantados , terra de Tupã, guiados pela quilombola Helenita, o indígena Gobé e o professor Tássio, que os turistas e estudantes caminhavam sob o manto verde da Mata Atlântica, embalados pela sinfonia natural que os transportava para um tempo ancestral. “Foi uma experiência incrível de paz, conexão, um momento muito especial para nossas crianças” aponta emocionada a professora Tidinha, educadora renomada da região. Ligando o Espaço Eco da Mata, um posto avançado da Biosfera da Mata Atlântica, ao Quilombo de Massarandupió, membro da Rede de Turismo Comunitário da Bahia, a trilha não é apenas um caminho, mas uma jornada pela alma de um território sagrado, lugar de muita memória e resistência onde a tradição e a natureza se entrelaçam. O fim da Trilha foi no Quilombo onde os turistas receberam das quilombolas Helenita e Rosalia, uma verdadeira aula de história e cultura. Essas matriarcas falaram sobre a fundação do quilombo, a importância da Casa de Farinha, da Biblioteca Comunitária Nelson Mandela e do livro que retrata as narrativas e memórias das mulheres guerreiras da comunidade.

Nesse turismo histórico, o conhecimento se coloca em movimento, seja por valorizar a cultura local e preservar a natureza, seja por gerar renda e trabalho para as comunidades receptoras. Portanto, mais do que uma atração turística; é um símbolo de resistência e de esperança, onde a sabedoria ancestral se encontra com o desejo contemporâneo de um mundo mais justo e equilibrado.

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