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Carnaval de Nice 2025 navega pelos oceanos

Publicado

em

  • Duda Tawil

Um dos maiores e mais tradicionais carnavais do mundo já acontece desde o último dia 12 na Côte d´Azur, na França, e segue até 2 de março: é o secular Carnaval de Nice, que este ano tem como tema “Rei dos Oceanos”.

Lá, o Rei Momo é Sa Majesté le Roi du Carnaval, ou seja, o Carnaval é soberano! São, no total, 15 dias de muitas festas, batalhas de flores – um dos símbolos da belíssima região, assim como os perfumes e o óleo de oliva – carros alegóricos no corso carnavalesco, exposições, ateliês, entre outras atividades culturais, de dia como de noite, no frio ameno do agradável e ensolarado inverno niçois.

No corso, todos os carros devem ser inspirados no tema e remeter aos oceanos e mares, seus mitos e lendas. E um deles chama a atenção, em particular dos brasileiros que lá vivem ou fazem turismo: é a enorme sereia, que nos lembra a nossa Mãe Yemanjá, Rainha das Águas Salgadas.

Ele foi concebido pelo excelente artista visual, escultor, dito imagier, Gérard Artufel, pintado por Diego e produzido pela Concept Événementiel dos Povigna, pai e filho. Sim, em Nice, o métier de carnavalesca/o, ou carnavalière e carnavalier, é um assunto de família, e a tradição da arte do efêmero, que é o Carnaval, é passada de geração em geração, desde meados do século XIX. Que o diga a grande carnavalesca, historiadora, jornalista, fotógrafa, conferencista, pesquisadora e escritora, Dra. Annie-Josée Masséna Sidro, 80 anos, a maior autoridade do mundo em Carnaval – ela é PhD em Carnaval pela Universidade de Nice e roda os carnavais de todo o planeta – da terceira geração da família dos maiores carnavalescos da história de Nice: seu avô, Alexis Sidro, e seu pai, Alexandre Sidro, este, o maior de todos! Ela é descendente, portanto, da dinastia niçoise, foliona e soberana dos Sidro.

Vale aqui lembrar que, em fevereiro de 1888, o imperador do Brasil, o carioca D. Pedro II, foi convidado para assistir ao então melhor Carnaval do mundo, o de Nice, no camarote oficial das autoridades, na Praça Masséna, coração da folia e onde ele acontece até hoje!!! Ao seu lado, estavam a sua mulher, a imperatriz Tereza Cristina, italiana do Reino das Duas Sicílias, e a princesa Isabel.

Inebriada por tanta beleza, cores, cheiros e alegria, a princesa Isabel decidiu organizar, no ano seguinte, 1889,que viria a ser o último ano do Império no Brasil, uma batalha de flores e cortejo de carros alegóricos na orla da praia do Flamengo, no Rio de Janeiro. Portanto, o Carnaval da Riviera Francesa, que era modelo para o mundo, é uma das origens do Carnaval brasileiro. Diga-se que Nice e Rio são cidades geminadas desde 1977.

Um século depois, em 1990, o nosso querido e grande escritor, Jorge Amado, ao lado da amada Zélia Gattai, foi convidado para presidir o Carnaval de Nice, e, na delegação, toda baiana, estavam o cantor e compositor Gilberto Gil, com Flora, o coreógrafo Negrizu, e os saudosos Valdeloir Rêgo e Augusto Omolu, além de jovens dançarinos de Salvador da Bahia.

Evvviva Carnevale!

Baieta! Saravá!

  • Jornalista com mestrado em Turismo e Hotelaria pela Universidade de Nice. Todas as fotos são de Annie Sidro.
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